Geralmente não costumo fazer metas e propostas nos inícios
de anos. Nunca me liguei nisso, nunca achei (e ainda acho) que algumas datas,
que para a maioria das pessoas é marcante, para mim são apenas datas.
2017 foi um ano difícil, muito difícil, com toda certeza o
Angelão que iniciou 2017 não é mais o mesmo que iniciou 2018. Alguns ângulos de
visão foram alterados, algumas importâncias ganharam importâncias, outras
menos. Cheguei ao fim do ano sem direção, meio ao sabor da maré. Precisava
focar... decidi então criar um wish list perto do início do ano, 4 itens, só
4... ítens cabíveis na minha realidade e que vinha postergando, adiando ou
ignorando. E lá no meio desses itens estava – minha primeira viagem internacional
de motocicleta.
Sou um cara de paixões fáceis, posso encher meus dias com
hobbies e afazeres que realmente me trazem felicidade. Andar de moto está no
meu TOP 3, com certeza. Fui criado na garupa de meus pais, primeira moto ainda
aos 14 anos, idas e vindas sobre duas rodas, algumas viagens, motoclube, muitos amigos e muitas motos diferentes.
Minha primeira atitude para executar tal item da WishList
seria compartilhá-la com minha esposa e gostaria muito que ela e nossa filha
também pudessem participar. Ela não é fã de motos, acredito que por falta de
conhecimento e experiências. Isso será ainda um item pra uma futura Bucket
List. Para minha sorte, viajar é com certeza uma das coisas que ela gosta mais
de fazer, planejar, organizar e pesquisar. Topou de cara com minha idéia.
Dividi meu planejamento com alguns amigos, e alguns
realmente quiseram fazer parte. Inicialmente 4, entre idas e vindas sobraram
apenas eu e TOG, um amigo relativamente recente, mas realmente um importante
amigo.
Algumas conversas, estudo de pontos importantes no roteiro e
uma rota preliminar foi traçada. Definiu-se data, compramos as passagens aéreas
para as meninas e iniciamos os preparativos, inicialmente em equipamentos e
manutenções nas nossas motos, a minha uma Harley Davidson Dyna Super Glide
Custom, a caríssima Geovanna, e a do TOG a valente Nigela, uma Fatboy preta que
conhece os caminhos sem precisar de GPS, algo impressionante para uma Harley.
Chegada a data, lá fomos nós, ansiedade controlada. Alma e
máquinas azeitadas e preparadas para as possibilidades e surpresas do percurso. Estar sozinho dentro do capacete, asfalto quente e as perspectivas da
paisagem cura, cura a alma, afaga o espírito e nos coloca em contato com nossa
essência divina. Pilotar em velocidade de cruzeiro, respirando devagar, com
olhos aberto para as experiências que se desenrolam... cura, alimenta e nos
recarrega.
Tivemos dias inesquecíveis, na estrada, no destino com nossas
meninas, nos sabores, aromas e paisagens, tivemos momentos memoráveis com os
percalços, as dificuldades passageiras e os sustos.
Esse novo Eu ainda sente as dores dos acontecimentos que me
levaram a criar a wishlist, ainda busca por algumas direções e respostas, mas o
fato de executar sonhos, sejam grandes ou não nos colocam em contato com nossa
essência... e isso... isso é essencial.