04 e 05/05 - URUGUAPOS - Dias 15 e 16


Saímos de Lages tarde, umas 9h30, sabíamos que a região era de muita neblina podíamos vê-a bem densa da janela do hotel. A estrada estava um pouco cheia, a visibilidade ruim, mas pudemos rodar com tranquilidade. Após a cidade de São Cristóvão a neblina se dissipou e deu lugar a um sol de rachar a moleira.

O trecho do dia seria de 360 km, novamente na BR-116, muito bem pavimentada, mato aparado e inúmeras obras de conservação e melhoria. Ponto negativo? A quantidade de caminhões na estrada.

Repetimos o caminho da ida, agora no sentido contrário, passamos novamente pela cidade de Mafra e depois Rio Negro. Adentrando no Paraná tivemos a companhia de uma Electra Glide que seguia de Caçador-SC até Curitiba (eu acho).

Chegamos em Curitiba com um trânsito de deixar qualquer paulistano orgulhoso. Levamos uma hora até chegar no hotel. Check-in feito e motos guardadas. Desta vez teríamos uma companhia, nosso irmão Leandro resolveu sair de São Paulo no meio da tarde e no final da noite estava lá estava ele.


Sábado acordamos com dois objetivos: aproveitar para fazer um turismo na cidade e descansar para o dia seguinte. Fizemos um passeio de moto pela cidade, jardim botânico, parque Tanguá e almoço tardio no distrito 1340, depois pizza no hotel e descanso. O dia seguinte seria o último da jornada. Estávamos ansiosos para chegar em casa.




Curitiba, como sempre, deixa saudades.



Sobre Perdas, Listas e Sonhos.





          Geralmente não costumo fazer metas e propostas nos inícios de anos. Nunca me liguei nisso, nunca achei (e ainda acho) que algumas datas, que para a maioria das pessoas é marcante, para mim são apenas datas.

          2017 foi um ano difícil, muito difícil, com toda certeza o Angelão que iniciou 2017 não é mais o mesmo que iniciou 2018. Alguns ângulos de visão foram alterados, algumas importâncias ganharam importâncias, outras menos. Cheguei ao fim do ano sem direção, meio ao sabor da maré. Precisava focar... decidi então criar um wish list perto do início do ano, 4 itens, só 4... ítens cabíveis na minha realidade e que vinha postergando, adiando ou ignorando. E lá no meio desses itens estava – minha primeira viagem internacional de motocicleta.

          Sou um cara de paixões fáceis, posso encher meus dias com hobbies e afazeres que realmente me trazem felicidade. Andar de moto está no meu TOP 3, com certeza. Fui criado na garupa de meus pais, primeira moto ainda aos 14 anos, idas e vindas sobre duas rodas, algumas viagens, motoclube,  muitos amigos e muitas motos diferentes.

          Minha primeira atitude para executar tal item da WishList seria compartilhá-la com minha esposa e gostaria muito que ela e nossa filha também pudessem participar. Ela não é fã de motos, acredito que por falta de conhecimento e experiências. Isso será ainda um item pra uma futura Bucket List. Para minha sorte, viajar é com certeza uma das coisas que ela gosta mais de fazer, planejar, organizar e pesquisar. Topou de cara com minha idéia.

          Dividi meu planejamento com alguns amigos, e alguns realmente quiseram fazer parte. Inicialmente 4, entre idas e vindas sobraram apenas eu e TOG, um amigo relativamente recente, mas realmente um importante amigo.

          Algumas conversas, estudo de pontos importantes no roteiro e uma rota preliminar foi traçada. Definiu-se data, compramos as passagens aéreas para as meninas e iniciamos os preparativos, inicialmente em equipamentos e manutenções nas nossas motos, a minha uma Harley Davidson Dyna Super Glide Custom, a caríssima Geovanna, e a do TOG a valente Nigela, uma Fatboy preta que conhece os caminhos sem precisar de GPS, algo impressionante para uma Harley.

          Chegada a data, lá fomos nós, ansiedade controlada. Alma e máquinas azeitadas e preparadas para as possibilidades e surpresas do percurso. Estar sozinho dentro do capacete, asfalto quente e as perspectivas da paisagem cura, cura a alma, afaga o espírito e nos coloca em contato com nossa essência divina. Pilotar em velocidade de cruzeiro, respirando devagar, com olhos aberto para as experiências que se desenrolam... cura, alimenta e nos recarrega.

          Tivemos dias inesquecíveis, na estrada, no destino com nossas meninas, nos sabores, aromas e paisagens, tivemos momentos memoráveis com os percalços, as dificuldades passageiras e os sustos.

          Esse novo Eu ainda sente as dores dos acontecimentos que me levaram a criar a wishlist, ainda busca por algumas direções e respostas, mas o fato de executar sonhos, sejam grandes ou não nos colocam em contato com nossa essência... e isso... isso é essencial.

03/05 - URUGUAPOS – Quinta – Dia 14


Depois de um dia não tão bom, Ângelo e eu não estávamos preparados para a recompensa, um dos melhores dias da viagem, temperatura amena, céu azul, verde, serra, curvas e paisagens, que dia teríamos pela frente.

Novo Hamburgo fica logo antes do início da serra, portanto começamos nossa jornada subindo sentido Dois Irmãos. Era o caminho mais longo, existia uma alternativa, pista duplicada reta e chata até Caxias do Sul, a qual ignoramos. Fizemos bem em ficar na BR-116, depois da cidade de Dois Irmãos fizemos uma parada estratégica em um famoso point de motociclistas, a Tenda do Umbu. Um lugar super agradável.


O trecho do dia totalizaria 313 km, porém em sua maior parte trechos lentos de serra, com bastante caminhões e poucos pontos para ultrapassagem. Não seria um problema para nós, sempre em ritmo tranquilo e aproveitando a viagem, fizemos várias paradas para fotos e admirar as paisagens.


Passamos por Nova Petrópolis, Caxias do sul e Vacaria, até pegar a pernada final de 110 km até Lages, já no estado de Santa Catarina. Novamente as ótimas condições das estradas propiciaram bons horizontes. Eram só sorrisos dentro do capacete.


Em Lages, seguimos nosso roteiro, encher o tanque, hotel, uma volta pelas redondezas para achar um lugar para comer, bebericar e conversar sobre o dia.







02/05 - URUGUAPOS – Quarta – Dia 13


Com previsão de muita chuva, saímos de Jaguarão pela manhã. A intenção era rodar até Porto Alegre, quem sabe um pouco mais adiante para evitar o trânsito da cidade. Seriam 430 km de Br-116, e a grande parte desta jornada seria naquela mesma rodovia que penamos com o asfalto ruim, muitos remendos e caminhões.

Quando a estrada é ruim, o humor do motociclista também não é dos melhores. Talvez por isso, neste dia gravamos poucos vídeos, aproveitamos cada parada para descansar, hidratar e esticar as pernas.

Tivemos um pequeno susto quando a correia que prende a mala do Angelão enroscou na polia da correia de transmissão e se arrebentou, dando um golpe na mala que servia de encosto de lombar, refizemos a amarração e seguimos adiante.

Antes de Porto Alegre pegamos um congestionamento que havia se formado pelo içamento da ponte. Com pouco espaço para fazer um corredor entre os carros, perdemos um bom tempo naquele trecho, aumentando o cansaço.

Resolvemos parar em Novo Hamburgo, a 40 km da capital, enchemos o tanque, check-in, voltinha pelas redondezas e depois encher a pança em uma churrascaria. Chega de Parrillada, era hora de espeto corrido.



Pourquoi?




Eu achei que andar de moto iria trabalhar minha ansiedade.
Achei que teria serenidade pare encarar problemas vindouros
Que o vento no rosto iria aliviar minha mente perturbada
Que a estrada se abrindo à frente iria acertar meu passo.

Eu achei que andar de moto seria a resposta
Em momentos de dúvidas, com ela pensar
Achei que a moto ajudaria a trazer respostas
Para perguntas que nem sabia quais eram
Foi por isso que virei motociclista
Foi por isso que comprei minha moto

Mas não, nada disso ela me ensinou
Ou ainda não aprendi.

Minha moto me ensinou a aproveitar a jornada
ela me ensinou a ser um melhor motorista
ela me mostrou a beleza em pequenas coisas
a olhar para o céu, para o horizonte
para as árvores na beira da estrada

Aprendi o que é ficar sozinho dentro do capacete
E ser obrigado a lidar meus demônios
Não para calá-los, mas para conviver
Meus demônios são meus, sempre comigo
Assim como, espero, a minha moto.

01/05 - URUGUAPOS – Terça – Dia 12


Na madrugada nos despedimos das meninas, que pegaram o transfer para o aeroporto. Começava tudo de novo: acordar cedo, colocar as malas na moto, café da manhã, check-out. Hora iniciar a jornada de volta.
Dia primeiro de maio é feriado em quase todo lugar, no Uruguai a data é levada um pouco mais a sério. 

Neste dia nem transporte público opera. A cidade fica deserta e por causa disso pudemos ver e capturar imagens muito bonitas.

Nem tudo eram flores. Este superferiado, aliado a um protesto dos trabalhadores da área de petróleo, começou a nos preocupar. No sul, já se falava que de 60% a 80% dos postos de combustíveis não tinham mais nafta. E, para piorar, no feriado alguns postos nem abriam.

Saímos de Montevidéu sem saber aonde iríamos parar. Nosso objetivo era a cidade gaúcha de Jaguarão, a 420 Km de nossa origem. Nossas motos têm uma autonomia de 340 e 390 rodando com gasolina Uruguaia, não era o suficiente.



Por sorte esse momento de tensão logo passou. A 120 km de Montevidéu encontramos um posto aberto e pudemos completar o tanque. Agora tínhamos o bastante para chegar ao Brasil. No final, vimos que a falta de combustível estava atingindo apenas o sul do país; no centro e no norte todos os postos tinham nafta, alguns apenas operando em horário reduzido por causa do feriado.

A Ruta 8 corta o país no seu trecho mais a centro-leste. Para o viajante, essa estrada era uma reta interminável, com paisagens muito semelhantes todo o tempo, pastos verdejantes, criação de gado, pequenas fazendas e pequenos vilarejos. Assim foi toda a nossa jornada até a divisa dos países. Não chegou a ser tediosa, mas foi bem repetitiva.




Chegamos na aduana, novamente muito rapidamente e bem atendidos resolvemos a burocracia e com os passaportes carimbados cruzamos a ponte barão de Mauá. Estávamos em terra brasilis, cidade de Jaguarão, hora de procurar o hotel e um bom lugar para mandar aquele Prato Feito executivo, ou como lá dizem, a La Minuta.


Uruguapos - Sexta até Segunda - dias 8 a 11


Hora de fazer uma pausa neste diário. Alugamos um carro e passamos os próximos dias com nossas famílias, turistando por Punta del Este, Colônia de Sacramento e Montevidéu.






26/04 - URUGUAPOS – Quinta – Dia 7


Acordamos razoavelmente descansados para o último dia do trecho de ida da nossa jornada. Seriam 250 km até Montevidéu. No final deste dia teríamos também companhia, já que nossas esposas (e a filha do Angelão) viriam de avião para passarmos 4 dias de turista.

A primeira parada foi em José Ignácio, onde fizemos um retorno para conhecer a ponte redonda sobre a Laguna Garzón. O horário e a baixa temporada permitiram que tivéssemos a ponte toda para fotos e vídeos que vocês poderão ver.





Decidimos pular Punta del Este, já que faríamos essa visita junto com nossas esposas no dia seguinte. Seguimos para Piriápolis, subimos o Cerro Santo Antônio para uma vista espetacular da cidade, do mar e do continente. Saímos da Ruta 9 para a rota Interbalneárea (IB) que liga Punta até Montevidéu. Estrada muito boa, duplicada e muito tranquila de rodar.


Se não fossem os inúmeros semáforos no final da Ruta, teríamos chegado a Montevidéu mais cedo, mas ainda eram 16 horas, tempo de folga. Hora de ligar o GPS, entender o trânsito um pouco desorganizado da cidade e encontrar o caminho para o hotel. Abastecemos as motos, fizemos check-in e colocamos as companheiras na garagem para um merecido descanso de 4 dias.




De SP a Foz, a IDA.

Foi de última hora que resolvi encarar uma viagem do grupo de 2200 km entre São Paulo e Foz do Iguaçu. Era no feriado de 9 de Julho, Revo...