25/04 - URUGUAPOS – Quarta – Dia 6


Saímos do hotel por volta das 9 da manhã. Tiramos fotos debaixo das placas de divisa com a República Oriental do Uruguai e poucos km após a fronteira chegamos ao posto de aduana. Hora da verdade.



Procuramos a fila do guichê de imigração. Surpresa boa: não tinha fila. Passaporte carimbado e um boa viagem recebidos em menos de 30 segundos. Fomos então falar com o pessoal da fiscalização e vigilância sanitária, perguntamos: querem ver os documentos? Responderam: Fizeram carta verde? Mal concordamos com a cabeça e recebemos mais um boa viagem. Pronto. Estávamos pimpões e autorizados a entrar de moto na antiga Cisplatina.



A distância entre a cidade de Chuí e o nosso destino, a Vila de La Paloma, era de apenas 160 KM, mas hoje era dia de turismo.
Os primeiros quilômetros da Ruta 9 foram estranhos, pois a estrada era praticamente igual, a paisagem era a mesma e as pessoas muito parecidas. Mesmo assim sabermos que estávamos em outro país tudo parecia meio assim, alienígena.

Mais uns quilômetros rodados e de repente a estrada simples dobra em largura e um número gigante está pintado no chão, a estrada se transforma em uma pista de pouso, assim, sem mais nem menos, sem aviso. Aparentemente a força aérea uruguaia usa o trecho para pouso de aeronaves em ocasiões especiais.
Logo após a pista de pouso/decolagem chegamos ao forte Santa Teresa, erguido pelos portugueses na tentativa de manter aquelas terras sob seu domínio. Vejam as imagens, a fortaleza é muito grande, muito bonita, numa posição estratégica, conhecemos cada sala, cada detalhe. Valeu muito a pena.








Seguimos estrada e chegamos pouco depois até Punta Del Diablo. Punta é um apêndice de terra que vai do continente em direção ao mar, apenas uma rua principal asfaltada e uma bagunça de vielas construídas em cima da terra e da areia até a praia. Era por volta de 11h30, e tudo na cidade parecia estar dormindo ou abandonado. Na prática, lá é um lugar noturno e fora de temporada a quantidade de pessoas diminui drasticamente. Frequentada por muitos mochileiros e pessoal alternativo, se tivesse que usar uma palavra para descrever Punta Del Diablo, a palavra seria legalize.




Hora de pegar a Ruta 10, uma estradinha de acesso muito estreita, porém quase não utilizada fora de temporada. A estrada estava em obras e logo nos vimos pilotando nossas motocas em cascalho solto, o famoso loose gravel, rípio. Apesar de a moto balançar de um lado para o outro, foi muito divertido e superamos este trecho sem percalços.

Antes de chegar em La Paloma, paramos no bairro de Arachania. Lá visitamos minha prima que deixou o calor da Bahia e trocou as tartarugas marinhas do Tamar para trabalhar na ONG para a conservação de cetáceos no Uruguai. Resumidamente, cetáceos são mamíferos marinhos. Entendeu, né? Mayra, Stela e Kauai nos receberam da melhor forma, com arroz, feijão com carne, tomate e farofa.




Felizes e de barriga cheia, fizemos um passeio pelo bairro e pela praia local, onde pudemos notar a simples e prática forma das casas de veraneio. Este bairro também estava bem vazio por causa da baixa temporada.
A jornada terminou por volta de 17h30 (lembram que a princípio eram apenas 160 km? Pois é). Check-in no hotel, passeio em La Paloma para ver o farol, jantar e cama.




24/04 - URUGUAPOS – Terça – Dia 5


Dia de chegar no ponto mais ao sul do Brasil, Chuí. Mesma rotina, café, malas na moto, check-out, estrada.

Abandonamos a BR-116 e fomos pela BR-471. Após mais ou menos 50 km de jornada, adentramos a reserva ecológica do Taim. Seriam 200 km de uma estrada solitária, com pouquíssimos usuários, postos de gasolina a cada 60 km e uma reta interminável.



A reserva do Taim é sim muito bonita, a estrada corta os pampas alagados e por, estar um pouco mais alta, permite que você seja agraciado com belas paisagens, alagados e pastos; vacas, capivaras e muitas aves eram os únicos companheiros de viagem. Às vezes podíamos observar uma mancha preta no acostamento, que quando chegávamos mais perto se víamos o que realmente era: incontáveis passarinhos, todos pequeninos que ficam no acostamento comendo os grãos que caem dos caminhões durante o transporte. Em alguns vídeos vocês poderão ver essa revoada, mas dada a lente angular da câmera, os pássaros vão parecer pequenos e em menor número.



Em nossa última parada antes de chegar ao Chuí, em um dos únicos postos de gasolina da região encontramos 4 ciclistas italianos. Os corajosos começaram a jornada pela América do Sul na Colômbia há 1 ano e meio e estavam subindo o Brasil sentido Rio de Janeiro. Temi pelas bikes e pela segurança dos paisanos, desejamos muito boa sorte a eles.



Chuí, enfim. Hotel, check-in e logo saímos para conhecer a cidade que divide o Brasil do Uruguai. Praticamente apenas a avenida principal da cidade é asfaltada. A avenida está bem na divisa, de um lado chamada de Av. Uruguai é o lado brasileiro. O lado uruguaio era Av. Brasil.


Fizemos o câmbio e fomos conhecer um free shop. O engraçado do Chuí é você andar na rua de terra, pular a poça d’água, correr do cachorro, dar a volta do carro canibalizado na calçada, desviar do motoqueiro que passa como louco de havaianas e sem capacete e então entrar em um free shop, que parecia mais uma loja de departamento norte-americana, tudo limpinho, bem iluminado, música de elevador e muita, muita coisa para o capitalista consumista fazer a festa sem pagar impostos. Como bom mineiro, comprei doce de leite.
Hora de voltar para o hotel, descansar e preparar para a fronteira e aduana no dia seguinte. Será que tudo vai dar certo?




23/04 - URUGUAPOS – Segunda – Dia 4


Ficamos hospedados na casa da família de um nos integrantes de nosso grupo. Como é bom ficar em casa de família! Apesar de momentos de timidez e falta de intimidade, é surpreendentemente bom sentir que as pessoal realmente se importam com o seu bem-estar. Obrigado, dona Célia, Leandro, Rose.

O destino do dia era a cidade de Pelotas. A princípio, 270 km não parecia ser muito, e mais uma vez não confiamos apenas na quilometragem; o Google Maps bem que avisou que leva-se em média 4 horas para fazer este trecho.

Saímos de Porto alegre por volta de 9 da manhã, passamos na famosa ponte do Guaíba e depois pela Ilha das Flores (lembram do filme?). Poucos quilômetros após este trecho a estrada deixa de ser duplicada e passa a ser uma pista simples abarrotada de caminhões e o asfalto com mais remendos do que uma pavimentação propriamente dita.

Nossas motos são Custom e famosas por não terem uma das melhores suspensões dentre todas as motos. Por causa do comando avançado também não conseguimos ficar em pé na moto, para descansar a bunda ou mesmo aliviar que o balanço do asfalto cansasse a coluna.

Se alguém pergunta, então por que vocês andam de Harley? Porque não é uma moto visada por bandidos, não quero ter que me preocupar se olhar pelo retrovisor e encontrar dois caras em uma moto. Outro motivo é que amamos estas motos, simples assim. São barulhentas, difíceis de manobrar, pesadas, motor exageradamente forte com muito torque e beberronas. São perfeitas.

Voltando à estrada, os remendos continuavam, os caminhões também e a paisagem não ajudava, não era um trecho bonito. Angelão também tinha outro motivo para estar odiando este trecho em particular da jornada no dia anterior ele começou a sentir um incômodo em seu capacete, que se tornou uma dor de cabeça com momentos que tornavam o uso do capacete insuportável. À medida que parávamos para descanso, também retalhávamos o isopor e o revestimento interno do capacete, procurando encontrar o ponto de incômodo e conseguir algum alívio. 

 


Chegamos em pelotas e não tivemos dúvida: fomos direto para uma loja de acessórios de moto, onde ficamos um bom tempo para escolher e testar um capacete que resolvesse o problema do Ângelo. Problema resolvido, era hora de ir para o hotel, check-in, e depois procurar um bar para comer uma carninha dos pampas acompanhando uma Polar (só uma, porque ô cerveja ruim!).




22/04 - URUGUAPOS – Domingo – Dia 3


Fomos abençoados pela chuva da noite anterior. Essa chuva lavou a famosa neblina matinal da região e pegamos a estradinha para a serra. A combinação de nossas cores primárias, azul, verde e cinza, agora tinha uma nova tonalidade, o amarelo das árvores que já começavam a perder as folhas anunciando o outono. Imagem difícil de ver no Brasil.

O trecho do dia era mais puxado, 400 Km, mas com uma estimativa de 6 horas, dadas a velocidade das pistas e trechos urbanos. O que demorou para passar mesmo foram os primeiro 53 km, até o mirante da serra do rio do rastro, parece que foram duas horas. A estrada sinuosa que ia lentamente elevando nossa altitude, não fazia frio, uns 15 graus, com sol, tempo perfeito.

Chegar ao topo da Serra do Rio do Rastro e olhar para baixo realmente não há como descrever a sensação. Espero que as imagens possibilitem que vocês, leitores, encontrem suas próprias palavras. Boa sorte, eu ainda não as encontrei.



Enquanto não encontrava palavras, fizemos vídeos e fotos,  até da Marilu, o dia era para ser registrado, cada momento ali valeu. Realizamos o nosso e o sonho de muitos motociclistas, havíamos pilotado numa das estradas mais bonitas do mundo.



Depois de tanto turismo, hora de pegar estrada sentido Criciúma e depois Porto Alegre para o fim de mais um dia de jornada.



De SP a Foz, a IDA.

Foi de última hora que resolvi encarar uma viagem do grupo de 2200 km entre São Paulo e Foz do Iguaçu. Era no feriado de 9 de Julho, Revo...