Minha trilha sonora aleatória


Tenho um intercomunicador no meu capacete, este intercom conecta no celular via bluetooth e eu o uso também para ouvir música, geralmente quando estou sozinho. Ouço todo tipo de música, de clássica a death metal, tudo organizadinho em pastas. Mas, preguiçoso que sou, deixo sempre meu google play tocando todas as músicas de forma aleatória.

Sábado, frio e com previsão de chuva, mesmo assim era dia de rolê.

Ironicamente meu passeio de sábado começou as 09:30 ao som de Calamity Song.  Ironicamente por que hoje (segunda-feira) quando escrevo este texto, fico sabendo nas notícias que o senador John McCain falecera, McCain era citado nessa música como the Panamenian child.



Subi a Rua Santa Cruz, sem saber muito que caminho faria resolvi entrar na Domingo de Morais sentido av. Paulista. No meu capacete agora tocava Madeleine Peyroux, dizendo para que eu não espere muito. Ironia novamente, pois a av. estava bem congestionada.



Algum tempo depois já estava entrando na av. Paulista. Gosto muito de passar de moto por essa avenida. O asfalto é bom, é limpa e organizada. Nem parece que estamos no Brasil.
Madeleine deu lugar ao bebê rei cantando the thrill is gone, mas eu não estava afim e cliquei para a próxima música. Era hora de pilotar que nem um motoboy ao som de Ozzy e seu Crazy Train. Essa foi comigo até o final da Dr. Arnaldo e começo da Heitor penteado. 



Não pensei em muita coisa nessa primeira parte do rolê, nem vi Crazy Train se tornar Vermilion pt2. Quando cheguei à casa da minha tia, onde faria uma visita para a minha avó que cá está.



Visita Feita, café tomado, encomendas pegas e colocadas na bolsa da moto era hora de seguir. Resolvi não pegar rodovias, o tempo estava instável, e  eu estava com vontade ver  a cidade.

Saí do Alto da Lapa pela Prof. Fonseca Rodrigues sentido praça pan-americana. Agora a minha mente estava a mil, comecei a pensar nos locais que eu havia morado desde que mudei para SP, um mix de melancolia e um pouco de indulgência pessoal. Também, ouvindo On an Island, não tinha como.



Não sei se era onde minha mente estava ou se era a música, eu entrei na marginal pinheiros ouvindo Savin’ me do Nickelback (não julguem), pensando em algumas coisas que vêm me atormentando recentemente, não segurei e acabei com os olhos mareados.



Era hora de achar uma música mais alegrinha enquanto seguia até o Pq. Burle Marx. Achei Miles Davis na minha playlist aleatória, estava legal, vamos em frente.



Retornei pela Marginal Pinheiros até a av. dos Bandeirantes. Não lembro quais músicas tocaram nesta hora, estatisticamente deve ter tocado alguma do Rush. Cheguei em casa ao som de See Emily Play.



Em resumo, pensei um monte de coisas, levantei dúvidas, não achei respostas, cantei, rodei, me diverti. A terapia sobre rodas havia funcionado, de novo, neste sábado..

Até Logo, Nigella



Nossa história começou em 2016, meio assim de sopetão, no impulso torquei  Amber (xl1200) por você. Com você em minha vida fiz novos amigos, amigos de verdade. Viajei por alguns estados do país e juntos somamos 30 mil km rodados em menos de 2 anos.  Neste tempo você me mostrou:


- como era andar em bonde/bando.

- como é lindo e interminável o rastro da serpente.


- como a BR-050 em Goiás tem um céu que hipnotiza.

- como era fácil cuidar de você.

- que uma das melhores partes da viagem era esperar a posição em que o sol ficava exatamente atrás do meu capacete,  no reflexo do acabamento do farol.

- e que este mesmo reflexo em outro horário batia no painel e ia direto para meus olhos.

- como você gostava de sujar o chão de óleo em cada troca de filtro.

- como era difícil fazer curvas com um pneu de 5 anos de idade,  quadrado.

- como você ficou feliz de pneus novos, principalmente na estrada dos romeiros.

- você disse tudo bem quando eu a raspava em curvas mais fechadas, mesmo que eu não gostasse assim.

- você me salvou de um incidente que eu poderia ter me machucado, você me salvou.

Não sei dizer quantas vezes, no final de um rolê eu levava minha mão esquerda na lateral do tanque, dava dois tapinhas e agradecia por mais um dia aproveitado, se  o tanque fosse macio juro que te daria umas apertadas. Também não sei quantas vezes fiquei com uma xícara de café na mão esfriando enquanto olhava para você sem pensar em nada. Ou quantas vezes te dei banho...

Nunca tivemos problemas, nem indo na padaria do lado e casa, nem indo até a rambla de Montevidéu. Eu cuidei de você, você cuidou de mim.

É hora de deixar você ir, hora de fazer outra pessoa feliz, hora de ser feliz com outra pessoa.

Adeus, Nigella. Nos vemos nas estradas, seja feliz.


Minha nova história agora começa com a Yasmin.



06/05 - URUGUAPOS - Dia 17 - Capítulo Final



Com café tomado, malas amarradas na moto (quase) e check-out feito era hora de sairmos, agora em 3 motos destino a SP, 454km  de trecho.

Tão logo saímos da cidade de Curitiba, percebemos que este que vos escreve não amarrou as malas corretamente na moto, pausa para prender e impedir que fossem ao chão, afinal imaginem o perigo de algo se soltar e cair numa rodovia...

O dia estava ótimo, a viagem rendeu e pudemos aproveitar bastante o caminho. Desta vez a BR-116 era duplicada, o que facilitava o trabalho. Outro ponto que tínhamos a nosso favor e que eu não havia citado ainda eram os intercomunicadores.

Durante toda a viagem podíamos nos comunicar sem a necessidade de gesticular ou abrir a viseira e ficar gritando tentando se fazer entender. Bastava um clique que o canal de comunicação se abria e se quiséssemos podíamos ir conversando a viagem toda. O uso dos intercomunicadores também servia de alerta, sempre avisando de trechos perigosos, buracos, motoristas com atitude babaca realizando ultrapassagens perigosas. Por fim, o intercomunicador aliado ao celular nos permitia o uso do GPS, receber coordenadas para locais sem que precisássemos parar a moto para consultar o mapa.

Voltando à estrada. Tudo correu bem durante o trecho de serra. Nos arredores de Miracatu tivemos o primeiro e único grande susto da viagem, infelizmente não registrado pelas câmeras. Poucos instantes antes de realizar a ultrapassagem em uma cegonheira, eu (TOG) fui surpreendido por uma placa de metal de aproximadamente um metro quadrado, que saiu da carroceria do caminhão e veio voando em trajetória errática (por causa do vento) em minha direção. Escutei o grito dos colegas no intercomunicador, mas não lembro o que eles disseram. Lembro somente de frear não tão bruscamente a ponto de não ter controle da moto e procurar uma trajetória que não fosse de encontro àquela placa.

Não tinha jeito, ia bater, o problema era onde. Depois de flutuar no ar, a placa já estava na altura do meu pneu, então endireitei a moto e me preparei para o impacto. A placa bateu na moto e foi para o chão, logo à direita, onde estava vindo o Angelão. Ele viu a placa indo em sua direção, mas por sorte ela caiu no chão e ele passou por cima dela.


Hora de parar as motos, recuperar dos sustos e verificar se todas as peças íntimas estavam asseadas. Verificamos os pneus das motos, fizemos inspeções visuais e pudemos perceber que a placa bateu no meu mata-cachorros, em frente o meu pé. Em resumo, se eu não tivesse o mata cachorros poderia não ter o pé hoje. Bom, a vida é assim. Susto passado, bola pra frente.

Muito se discute sobre o perigo de andar de moto. Sim, há perigo, mas atitudes responsáveis diminuem bastante estes riscos. Principalmente não achar que rodovia é pista de corrida. Nós estávamos em velocidade compatível (100, 110 km/h); esta velocidade permitiu que tivéssemos tempo para frear e raciocinar a melhor trajetória para evitar o acidente.

Segue viagem. Para evitar mais riscos, evitamos novamente a Serra do Cafezal. Saímos na região de Miracatu sentido Peruíbe, onde fomos pela BR-101 até a famosa rodovia dos Imigrantes, SP-160.
Da mesma forma que no primeiro dia da viagem, a rodovia dos imigrantes nos proporcionou um caminho muito bonito e tranquilo, tanto no trecho de serra quanto no de planalto. A ansiedade aumentava, estávamos perto de casa.


Despedimo-nos em um posto de gasolina, um até logo, obrigado, foi muito bom e inesquecível. Cada um então tomou seu caminho de casa. Era o fim da jornada, fim da expedição Uruguapos 2018. Desta vez o check-in seria em casa, nossa família, nosso chuveiro, nosso sofá, nossa cama.



De SP a Foz, a IDA.

Foi de última hora que resolvi encarar uma viagem do grupo de 2200 km entre São Paulo e Foz do Iguaçu. Era no feriado de 9 de Julho, Revo...